Quem deve ser o “capitão” do projeto de TI Bimodal nas empresas?
A escolha do capitão é diretamente proporcional ao sucesso que se espera em um projeto de implantação de TI Bimodal. Se o objetivo for apenas mostrar que existe um projeto em andamento, sem muito comprometimento com os resultados nem expectativas de sucesso, qualquer gestor de projetos sem poder, influência ou conhecimento pode ocupar o posto de capitão.
Agora, se o objetivo do projeto for mudar a cultura da empresa, principalmente, os processos de relacionamento de TI com toda a corporação, e de fato produzir um aumento de produtividade, redução de despesas e aumento de receitas com soluções eficientes e entregas rápidas para os clientes, não resta dúvida de que o capitão deve ser o principal executivo da área de TI – quando não, o presidente da empresa. Afinal, as mudanças propostas na Bimodal afetarão a todos e somente alguém com acesso a todas as áreas terá voz para conduzir mudanças profundas.
Falando assim, parece fácil colocar um executivo do alto escalão capitaneando projetos. Já é enorme o desafio de contar com sua participação nos comitês deliberativos, pois comumente são arredios a mudanças, só as aceitam depois que a situação chega a estar próxima do insustentável. Neste momento, tudo fica diferente e o que não estava nem no radar vira prioridade.
Acreditar que, no dia a dia, um CEO ou um CIO irá ocupar-se com atividades corriqueiras de projeto chega a ser utópico, mas o peso das suas vontades e importância deve estar explícito para o gerente de projetos que irá conduzir as atividades cotidianas: ser informado sobre as principais atividades e problemas, o apoio explícito a quem conduz o projeto deve ser sabido e percebido por toda a empresa e, em nenhum momento, qualquer discordância pode ser em público.
No entanto, o poder do crachá não é suficiente para fazer com que as coisas caminhem como planejado. Não é só a alta administração que tem resistência às mudanças, todos morrem de medo de ver algo que conhecem tão bem simplesmente mudar de uma hora para outra. É comum, em projetos, o gestor acreditar que, pelo simples fato de possuir o poder e a aprovação dos executivos, o projeto será um sucesso. Ao contrário, o apoio da diretoria é apenas o primeiro passo.
Tão difícil quanto mudar processos e padrões nas empresas, é identificar quem são as partes interessadas, ou seja, quem quer que as coisas caminhem e quem não quer de maneira nenhuma que as coisas deem certo. É importante saber que, desde o mais simples funcionário até o de mais alta patente, todos serão – com maior ou menor intensidade – afetados pelos resultados do projeto. Engana-se quem menospreza o poder das pessoas: elas podem tanto ser fortes influenciadoras dos grupos a que pertencem como ter acesso a quem detém o poder e as escuta.
Portanto, para ter sucesso na implantação de um projeto de TI Bimodal, mais do que conseguir ter a diretoria a favor, é fundamental ouvir e negociar com todos os formadores de opinião, pois, com eles, não será simples mudar a cultura de uma empresa e ter sucesso no projeto, porém, sem o apoio e o engajamento deles, o fracasso do projeto é a única certeza.