IDE: tudo o que você precisa saber sobre ele

O desenvolvimento de softwares é uma atividade que utiliza uma série de ferramentas, recursos e tecnologias aplicadas. Por isso, dedicamos este artigo à solução mais utilizada pelos profissionais que trabalham com a programação, as IDEs. O nosso objetivo é apresentar um panorama completo sobre essas plataformas e suas funcionalidades para o setor de TI.

Para isso, reunimos todas as curiosidades do tema. Aqui, você entenderá o que é uma IDE, por que essas ferramentas são importantes, quais os mais utilizados no mercado, os principais tipos, recursos, vantagens, desvantagens e funcionalidades. Assim, você está bem informado para escolher as soluções ideais para a sua operação. Acompanhe!

O que é IDE?

Como sempre, uma forma prática de entender um conceito é começando por sua sigla. IDE abrevia Integrated Development Environment — em português, Ambiente de Desenvolvimento Integrado. Tecnicamente, uma IDE é uma plataforma que combina uma série de módulos, recursos e funcionalidades fundamentais para o desenvolvimento de aplicações.

O desenvolvimento de softwares, scripts e APIs são atividades extensas e com um alto nível de complexidade. Para criar as aplicações, existem muitas etapas técnicas, principalmente no que diz respeito à programação das lógicas, interfaces e interações. Além disso, também existem as etapas de testagem, debugging e, quando necessário, refatoração.

Para cada uma dessas atividades, existem ferramentas específicas para essas finalidades. Para a programação em si, é necessário um editor de código, que é praticamente um editor de texto que serve especificamente para a criação e edição do código-fonte dos programas.

Além disso, também existem os compiladores e interpretadores, que praticamente, convertem o código-fonte para a linguagem da máquina, tornando as aplicações executáveis e funcionais nos sistemas para os quais foram desenvolvidas. E por fim, o debugger, uma ferramenta fundamental para a realização de testes, diagnósticos, identificação e correção de bugs no código.

O que uma IDE faz é integrar todas essas ferramentas em um só ambiente de desenvolvimento — por isso, o nome: Ambiente de Desenvolvimento Integrado. Com uma boa IDE, os profissionais conseguem desenvolver as aplicações de maneira eficiente e otimizada, em uma única plataforma — o que permite elevar a qualidade do software quanto a velocidade da programação.

Além disso, também existem as IDEs específicas de mercado, que oferecem uma suite de recursos e funcionalidades para alavancar a produtividade de um campo da programação. A JetBrains é uma empresa emblemática no desenvolvimento dessas soluções, com IDEs como Rider, IntelliJ IDEA, PyCharm, PhpStorm, RubyMine, WebStorm e muito mais.

O destaque de uma IDE especializada é justamente a adequação a um campo específico da TI, com um foco muito claro em uma linguagem de programação, como é o caso do Python no PyCharm, ou a uma finalidade específica, como o desenvolvimento de jogos em C++, junto de ferramentas como Unity e Unreal, por meio do Rider.

No entanto, como boa parte das ferramentas especializadas no campo da tecnologia, existem IDEs pagas e gratuitas — open source. Por isso, é muito importante conhecer o nível de exigências e expectativas da sua operação, avaliando os prós e contras das IDEs disponíveis no mercado, e escolhendo a solução que melhor atende às demandas da sua equipe.

Por que o IDE é importante?

Da forma como percebemos, as IDEs são importantes porque oferecem agilidade, eficiência e organização à rotina de desenvolvimento. É claro, é perfeitamente possível trabalhar com ferramentas isoladas, como o Vim, por exemplo. No entanto, o grande destaque das IDEs é justamente a sua usabilidade, com uma curva de aprendizado muito menor do que outras soluções.

E esse é um aspecto muito importante para as equipes de desenvolvimento, pois em muitas empresas, novas pessoas são contratadas constantemente. Com uma boa IDE, que seja funcional, prática e intuitiva, o profissional consegue fazer um embarque muito mais rápido às rotinas da operação, além de trabalhar de maneira mais eficiente, prática e confortável.

Outro ponto interessante é a colaboração — uma tendência cada vez mais forte no setor, especialmente com a popularização do trabalho remoto. Uma das formas mais práticas de integrar um novo colaborador ao time, ao código e ao projeto é por meio de sessões de programação pareada, em que dois ou mais desenvolvedores trabalham juntos em uma solução.

Atualmente, as principais IDEs do mercado já estão incorporando funcionalidades que permitem o desenvolvimento colaborativo em tempo real, em que vários programadores operam simultaneamente, acompanhando as alterações que são feitas entre si — criando um ambiente de desenvolvimento ainda mais ágil, transparente e integrado.

Novamente, para citar um exemplo emblemático dessa funcionalidade, vale destacar o Code With Me, também da JetBrains. Com uma solução como esta, é possível alavancar a qualidade do trabalho colaborativo, seja em sessões de programação pareada (em pares), swarm (em equipe) ou durante treinamentos e mentorias.

No fim das contas, esse é o poder que uma boa IDE pode oferecer para a sua operação, alavancando a produtividade das suas equipes, a absorção do aprendizado na tutoria de seniores para juniores, o estímulo ao clean code, a otimização da rotina de desenvolvimento, e por aí adiante.

Quais são os principais tipos de IDE no mercado?

Da forma como percebemos, existem, pelo menos, quatro modalidades de IDE no mercado: multilinguagem, monolinguagem, para desenvolvimento mobile e cloud-based. Abaixo, esclarecemos a estrutura, a finalidade e o público-alvo dessas soluções — dê uma olhada!

IDE multilinguagem

As IDEs multiliguagem são os canivetes-suíços da programação. Essas IDEs são altamente personalizáveis, pois seus ambientes de desenvolvimento podem ser adaptados e complementados para a criação de todo tipo de aplicação e finalidade. As três soluções mais populares desse segmento são Visual Studio Code, Eclipse e NetBeans — todas gratuitas.

IDE monolinguagem

Lembra quando falamos das IDEs específicas? Pois bem, essas são as que podemos chamar de monolinguagem, que foram criadas para atender a uma linguagem e ramo específico. Não há como mencionar IDEs específicas sem utilizar as soluções da JetBrains como exemplo, tal como PyCharm para Python, IntelliJ IDEA para Java, Rider para C++ e por aí adiante.

IDE para desenvolvimento mobile

O desenvolvimento de aplicações mobile também recebe uma atenção especial desse mercado, com IDEs específicas para essa finalidade. Por exemplo, o desenvolvimento de apps nativos para Android costuma usar soluções como o Android Studio, desenvolvendo em Kotlin, enquanto para apps nativos de iOS utiliza-se a linguagem Swift na IDE proprietária da Apple, o Xcode.

IDE cloud-based

Já aqui, as IDEs que permitem o desenvolvimento em nuvem. Em comum, em todas as IDEs anteriores o desenvolvimento ocorre nos dispositivos físicos. Já as IDEs baseadas em cloud são acessadas por navegadores, e toda a programação e armazenagem do código é remota. Os principais expoentes nesse segmento são o AWS Cloud 9 da Amazon e o Fleet da JetBrains.

Quais são os IDEs mais usados?

Uma forma prática de saber as IDEs mais utilizadas no mercado é acompanhando o Top IDE Index. O que esse projeto faz é compilar e analisar o número de acessos das páginas de download das principais IDEs disponíveis no mercado. A partir disso, é possível ter uma percepção sempre atualizada sobre o tema. Abaixo, destacamos as principais IDEs do ranking — confira!

Visual Studio Code

Também conhecido como VSCode, essa é a IDE multilinguagem oficial da Microsoft. Personalizável, intuitiva e com uma ampla gama de extensões criadas pela comunidade, o VSCode é uma solução consagrada no mercado. Por ser gratuita e com uma série de recursos diferenciais, a solução é utilizada tanto por novatos quanto por programadores com muitos anos de casa.

Eclipse

Multilinguagem e open source, o Eclipse é uma IDE extremamente leve, versátil e funcional. Como toda IDE consagrada no mercado, o Eclipse conta com um marketplace gigantesco de plugins e personalizações, que podem deixar o software perfeitamente adaptado para atender às suas expectativas — tanto em funcionalidade quanto em estética.

Android Studio

O segmento mobile é um dos maiores motores do mercado de desenvolvimento de softwares sob demanda, e o Android é o SO mobile mais utilizado no mundo. Não por acaso, a IDE específica para o desenvolvimento dessas aplicações, seja em Dart ou Kotlin, é o Android Studio, que conta com todos os recursos necessários para todas as etapas do desenvolvimento mobile.

PyCharm

O Python é uma linguagem fantástica, seja para o desenvolvimento de APIs, scripts ou ciência de dados — além de ter uma semântica extremamente acessível para quem inicia na programação. E a JetBrains alavanca essas qualidades por meio do PyCharm, que é uma IDE especialmente criada para tornar a programação em Python ainda mais rápida, simples e intuitiva.

IntelliJ IDEA

Assim como o PyCharm é para o Python, o IntelliJ IDEA é para o Java. Ou seja, uma IDE monolinguagem, criada para alavancar a produtividade do desenvolvedor Java, com interface intuitiva, assistência para codificação inteligente, análise dinâmica do código, preenchimento de trechos de maneira inteligente e contextual, e uma série de outros diferenciais importantes.

NetBeans

Assim como o Eclipse, o NetBeans é uma solução open-source multilinguagem. Isso significa que é possível utilizar a IDE para desenvolver aplicações em Java, C++, Ruby e muitas outras linguagens. Como toda solução open source, o apelo do NetBeans é o aprimoramento realizado pela própria comunidade aberta de desenvolvedores que se dedicam a melhorar o código dessa IDE.

Xcode

Já aqui, temos a IDE exclusiva para o desenvolvimento de aplicações para o ecossistema de dispositivos da Apple. Por meio da linguagem Swift e da série de recursos e funcionalidades do Xcode, os desenvolvedores podem criar aplicações para toda a família de dispositivos da marca, especificamente, para os sistemas operacionais iOS, iPadOs, watchOS, tvOS e macOS.

Qual é a diferença entre IDE, editor de texto e editor de código-fonte?

Já aqui, precisamos fazer uma distinção importante, justamente para evitar confusões sobre o tema. Um editor de texto, como sugere o nome, é um software que serve para a redação e edição de textos, como um Microsoft Word ou Google Docs. Embora seja possível escrever código-fonte nesses softwares, eles não contam com os recursos necessários para agilizar a programação.

Em contraponto a esses, existem os editores de código, como o Vim. O objetivo dessas ferramentas é facilitar a programação com mecanismos de sugestão, destaque de funções, classes e variáveis, entre outras funcionalidades que tornam a leitura, o entendimento e a edição do código em tarefas muito mais práticas e fáceis — quando comparados aos editores de texto.

E por fim, existem as IDEs. A virtude de uma IDE é a centralização, reunindo todos os recursos necessários ao desenvolvimento em uma única plataforma. Isso é especialmente visível nas IDEs de desenvolvimento mobile, que incorporam não apenas as ferramentas de compilação, debugging, programação e testagem, mas também os recursos de interpretação em tempo real.

Uma IDE incorpora todas as ferramentas necessárias durante toda a jornada de desenvolvimento, incluindo o editor de código-fonte, compilador, depurador, e uma série de outros recursos e funcionalidades indispensáveis para o desenvolvimento e testagem completa das aplicações — se o editor de código é um martelo, a IDE é a caixa de ferramentas.

Quais as principais vantagens de um IDE?

Da forma como percebemos, o uso de boas IDEs permite alavancar a produtividade dos times, além de estimular a otimização dos códigos e a prática do clean coding, que prioriza a organização e a clareza na programação dos sistemas. O ganho em produtividade costuma ser um resultado direto do uso de funcionalidades como o autocomplete e a verificação em tempo real.

Esse é o tipo de recurso que eleva a velocidade do desenvolvimento. Mas o mesmo também vale para as etapas de manutenção e análise do código. Boas IDEs oferecem uma série de ferramentas para esses estágios, permitindo uma navegação fluida por toda a codebase, com recursos que facilitam a refatoração de trechos e seções do código-fonte.

Além de otimizar a rotina de desenvolvimento, boas IDEs estimulam a padronização do estilo de programação dos seus profissionais, criando uma codebase muito mais consistente e fácil de ser mantida. Outro diferencial crítico é o monitoramento da performance das aplicações, já que as IDEs oferecem várias formas de avaliar o desempenho do código.

Com um olho atento a essas métricas fornecidas pela IDE, os programadores conseguem otimizar os algoritmos, eliminando redundâncias e gargalos de memória. O resultado dessa prática é o desenvolvimento de aplicações cada vez mais fluidas e otimizadas. Esse é o objetivo de uma IDE — entregar um conjunto completo para todas as etapas do desenvolvimento.

E essas são as vantagens gerais, ou seja, que valem para todas as IDEs quando comparadas a editores de código. Mas além disso, vale também considerar os vários benefícios inerentes ao uso de IDEs criadas especificamente para a sua atividade — o que é especialmente visível ao utilizar as IDEs exclusivas e monolinguagem criadas pela JetBrains.

Quais as principais desvantagens de um IDE?

Do ponto de vista técnico, é muito difícil dizer que as IDEs têm desvantagens, ainda mais quando comparadas a um editor de código simples. No entanto, existem desvantagens pontuais quando as IDEs são comparadas entre si. Para muitas organizações, uma desvantagem de muitas IDEs é o fato delas serem pagas, como as soluções da JetBrains.

É por isso que também existem as opções open source, que garantem ferramentas boas e acessíveis para quem quer estudar novas linguagens e frameworks, e para operações que não querem depender do suporte de uma empresa específica. Por isso, questões de custo, suporte e relação pago vs open source são critérios que devem ser analisados de acordo com a sua gestão.

É importante considerar o ponto positivo de todas as alternativas. É fato: as soluções pagas entregam o que há de melhor em cada nicho específico do desenvolvimento. No entanto, as soluções open source e gratuitas, especialmente o Visual Studio Code da Microsoft e o Eclipse, já oferecem personalizações suficientes para serem adaptadas a qualquer demanda.

Além dos custos operacionais, também é possível observar que algumas IDEs são mais pesadas do que outras — e é preciso levar isso em consideração, já que é comum programar com várias aplicações e janelas abertas simultaneamente. Sendo assim, é importante considerar uma plataforma que seja viável para as máquinas disponíveis no seu parque tecnológico.

Por fim, também há uma vantagem que pode ser uma desvantagem. A cada ano, as IDEs se tornam mais intuitivas, aprendendo o estilo de programação do profissional e oferecendo sugestões de autocomplete cada vez mais acertadas, eficientes e precisas — aqui, vale uma menção especial ao GitHub Copilot, ferramenta que aprimora ainda mais essa funcionalidade.

É inegável como essas ferramentas podem agilizar o tempo de desenvolvimento, ainda mais quando estão bem integradas ao profissional. No entanto, também é inegável que o uso ostensivo dessas funcionalidades pode gerar um certo nível de dependência, limitando a curva de aprendizado do profissional.

Quais recursos do IDE podem ajudar a ter mais eficiência?

Tanto para quem está na universidade quanto para quem já está posicionado no mercado de trabalho, as IDEs são as soluções ideais para aprimorar as suas habilidades de desenvolvimento, sobretudo para quem busca a especialização em torno de linguagens e frameworks específicos.

Inclusive, quando fundamentais para a operação, a existência de alguns recursos pode ser o fator decisivo na escolha da IDE ideal para um time de desenvolvimento. Por exemplo, o aviso de erros contextuais durante a programação, que chama a atenção do desenvolvedor para o problema de maneira instantânea.

Outro aspecto muito importante é a facilidade na refatoração do código, que é um diferencial muito importante durante as práticas de revisão e manutenção dos softwares. Além do autocomplete, inferindo e sugerindo trechos de código, boas IDEs também oferecem sugestões educacionais, estimulando o clean coding.

Outros recursos importantes são os compiladores e simuladores, especialmente no desenvolvimento mobile. Dessa forma, é possível simular o comportamento da aplicação em um grande número de cenários de teste, rodando a aplicação em diferentes versões do sistema operacional, em diferentes resoluções e com diferentes especificações de desempenho.

Quais são os ganhos de investir em um IDE na nuvem?

E por último e ainda mais importante, vale falar sobre uma tendência cada vez maior no setor de desenvolvimento. Da forma como percebemos, as IDEs baseadas na nuvem vão se tornar cada vez mais populares no mercado, tanto pelo aspecto da acessibilidade, quanto pela segurança em si — e a melhor forma de entender isso é comparando com as IDEs convencionais.

Em uma IDE convencional, hardware-based, o desenvolvimento ocorre nas próprias máquinas da empresa e dos profissionais, pois são softwares instalados no próprio dispositivo físico que está sob o controle dos profissionais. Com um IDE na nuvem, o desenvolvimento ocorre em máquinas remotas — e o software de desenvolvimento não está no dispositivo dos usuários.

A primeira vantagem disso é a acessibilidade. Lembra quando falamos que algumas IDEs são mais pesadas? Pois bem, com IDE cloud-based isso deixa de ser uma realidade, pois toda a programação e processamento do código ocorre em máquinas remotas. Presencialmente, ocorre apenas a interação do programador com a interface por meio de um navegador web.

Isso reduz a exigência de um parque tecnológico tão robusto em processamento, pois a IDE passa a ser apenas outra aba no navegador, e não mais um programa isolado, que consome quantidades enormes de CPU, GPU e RAM. Para além do desempenho, também há o próprio aspecto da segurança.

Com toda a programação e a armazenagem do código ocorrendo na nuvem, a empresa consegue reduzir a sua vulnerabilidade contra ciberataques. No Brasil, esse foi um problema especialmente grave, com o aumento de ataques ransomware, que inutilizavam os sistemas e sequestravam o código-fonte de muitos projetos importantes.

É por isso, entre outras coisas, que os serviços em nuvem estão ganhando tanta atenção do mercado, além de outras tendências importantes de infraestrutura de rede. No entanto, por ser um serviço, especificamente Software as a Service (SaaS), as IDEs baseadas em cloud são soluções pagas, o que exige uma análise de viabilidade por parte do seu departamento.

Como pôde ver, as IDEs são ferramentas indispensáveis, tanto para a qualidade das aplicações quanto para a agilidade dos seus times de desenvolvimento. Por isso, é importante estudar bastante sobre as opções disponíveis no mercado, e escolher aquele que melhor atenda às suas expectativas.

Agora que você sabe a importância de uma boa IDE para as suas rotinas de desenvolvimento, aproveite o momento para continuar se atualizando no tema. Para isso, é fácil, pois basta assinar a nossa newsletter!