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Guia rápido da implantação de TI bimodal com DevOps

Guia rápido da implantação de TI bimodal com DevOps

8 passos devops

Veja neste Post:

O mundo contemporâneo traz, diariamente, um ritmo frenético de inovação e desenvolvimento de novos recursos. Com a rápida expansão da economia compartilhada, caracterizada por serviços como Uber e Airbnb, os modelos de negócio tradicionais, como as cooperativas de táxis e redes hoteleiras, vêm enfrentando um paradigma: como manter o resultado nos negócios seguindo o modelo convencional, que deu certo por décadas, mas entregando produtos e serviços com a agilidade que o novo consumidor demanda?

Reinventar a forma de operação não é uma tarefa fácil para as grandes corporações. Mas é um passo necessário nesse novo cenário digital, em que o consumidor tem o poder de trocar seu fornecedor com um único clique. Pode parecer pouco, mas esse empoderamento do consumidor representa uma ruptura com todo o processo convencional de negócios: se sua indústria não estiver disponível nos pontos de venda digital, um concorrente certamente estará. Se sua força de vendas não conseguir processar os pedidos com agilidade, por uma arquitetura sem escala do sistema implantado, todo o resultado da sua companhia vai por água abaixo.

Imagine agora um Banco com vasta carteira de clientes dos seus cartões de crédito. De repente, surge uma startup de serviços financeiros, que emite um cartão de crédito para o consumidor final com bandeira MasterCard Platinum, que não cobra anuidade e permite que o cliente solicite o cartão e acompanhe as compras via aplicativo no seu smartphone. Ao mesmo tempo, agrega recursos não disponíveis na rede bancária convencional, como antecipar o pagamento de qualquer valor, a qualquer momento, para liberar o limite do cartão sem expandi-lo. O negócio se mostra altamente sustentável pelo percentual que recebe em cada compra, com escala de milhares de usuários que se sentem extremamente mais satisfeitos em relação ao banco. A facilidade de entregar o que o consumidor final demanda, no tempo certo e num dispositivo que está com ele a maior parte do seu tempo, minimiza os principais riscos do negócio, como inadimplência ou esquecimento de pagar a fatura. Observe que no exemplo do Banco, o modelo de funcionamento da Instituição tradicional torna o custo de mudança dos processos muito alto. Ponto para a startup. Ao mesmo tempo, se credibilidade é o maior ativo de uma organização financeira, o novo mercado da economia compartilhada admite arriscar com um novo player em troca de inovações que não estão disponíveis no mercado atual. Ponto de novo para a startup.

Após toda essa análise de negócios, você já deve ter imaginado um novo papel para o setor de TI: falar em alinhamento da tecnologia ao negócio, aderência, governança, confiabilidade e segurança, requisitos e objetivos finais da TI “tradicional”,  são conceitos fundamentais, mas que não bastam. É preciso pensar num segundo jeito, inovador, alinhado com o mercado, e que tenha a adaptabilidade e a escalabilidade que caracterizam uma startup, mas dentro das companhias que já existem e adotam os processos de TI convencional. Esse modelo que agrega metodologias ágeis à forma de trabalhar já existente é a chamada TI Bimodal.

Em suma, podemos dizer que a TI Bimodal permite à sua empresa se manter ativa no mercado, concorrendo com mais recursos e ativos nos negócios, colhendo os frutos da inovação com aprendizado e adaptação constantes. Fazer TI, hoje, requer ir além do que já está testado e implantado como solução.

Em paralelo, a mudança no paradigma da computação, em que o SaaS e computação em nuvem vêm se destacando, traz novos desafios técnicos para as equipes da área: manter o padrão empresarial, provendo acesso de qualquer lugar, em qualquer dispositivo, a qualquer hora do dia, com segurança e confiabilidade aos dados, não é tão simples. É necessário reinventar o jeito com o qual fazemos TI. O método tradicional não consegue entregar o valor necessário aos negócios da era da informação.

Primeiramente, entenda os conceitos

Integração é a palavra chave para rever os conceitos de TI. Após décadas de equipes compartimentalizadas, em que as áreas de Desenvolvimento e Infraestrutura trabalharam sob perspectivas diferentes cada um dos problemas, é necessário aproximar o suporte da aplicação. Antes de definir conceitos, é preciso ter em mente que o típico jogo de empurra-empurra entre setor de desenvolvimento e de suporte não contribui para solucionar o problema do cliente. Aquele que, em última instância, paga o salário de ambas as equipes.

Se a equipe de desenvolvimento tem certeza que está tudo certo com o código e o problema é o ambiente, e a equipe de suporte tem certeza que está tudo certo com o ambiente e o problema é o código, o cliente continua com sua demanda pendente e ainda perdeu um pouco da sua fé de que aquelas equipes vão trazer soluções.

Quem tem vivência na área de TI sabe do desafio de fazer a comunicação fluir entre a equipe de desenvolvimento (abreviada em inglês por Dev) e a equipe de operações (abrevida em inglês por Ops). Pensar em DevOps é, justamente, trazer as duas equipes para um lugar comum, adotando uma metodologia ágil na entrega de soluções para os clientes.

O principal intuito da metodologia DevOps é desburocratizar processos, facilitando entregas contínuas para validação diretamente com o consumidor final, em geral, com estrutura de códigos via APIs e programação modular. Essa sinergia entre infraestrutura e desenvolvimento, sempre com o foco no resultado, oferece uma visão sistêmica da TI e do negócio para as equipes, gerando produtos que evoluem mais rápido, com maior aderência às demandas do mercado, dotado de infraestrutura mais simples e leve de ser mantida. Ou seja: o sonho de qualquer gestor da área.

Adotar uma cultura DevOps implica em trazer toda sua filosofia para a empresa. Isso signfica: acreditar que a mudança é boa; dispor de ferramentas adequadas à operação; transparência acima de tudo; recompensa dos bons comportamentos; inovação enraizada em todos os processos; deixar de culpar o outro pelas falhas; aceitar as falhas e corrigi-las; colaboração; confiança e, por fim, manter a mente sempre aberta.

Observe que a filosofia da cultura DevOps parece afastá-la de setores tradicionais, como financeiro ou farmacêutico. Porém, iniciativas de startups nesses setores vêm rompendo toda a cadeia industrial e é preciso que os grandes players destes mercados mantenham-se atualizados para não perderem o passo. Veja clássico case da Kodak com as câmeras digitais. De uma hora pra outra todo o seu mercado de filmes e câmeras analógicas sucumbiu à inovação.

O conceito de TI Bimodal surge exatamente dessa necessidade de que grandes corporações criem um ambiente de TI experimental, capaz de trabalhar a metodologia DevOps em paralelo ao ambiente de produção convencional que mantém o negócio funcionando. Esse segundo tipo de TI, quando agregado ao ambiente de produção, cria o que se convencionou chamar de TI Bimodal: TI experimental e TI tradicional numa mesma empresa, atuando de forma complementar.

A TI Bimodal lida com problemas de forma mais ágil, com respostas imediatas. Ao mesmo tempo, trabalha com desenvolvimento de soluções inovadoras, capazes de expandir mercados ou otimizar processos já existentes. Em outras palavras: traz o espírito das startups para as grandes empresas.

Porém, vale lembrar que TI Bimodal não significa TI bifurcada. A equipe de TI tradicional precisa fazer parte das inovações, e isso implica, tanto pro desenvolvimento, quanto pra infraestrutura, em estar próximo dos novos projetos, opinando e dando a visão de quem faz a operação da empresa todos os dias. A Tecnologia se constituiu no principal agente de inovação da humanidade nas últimas décadas. E, se a inovação está ligada ao desejo humano de solucionar um problema, através de um produto ou serviço que seja fácil de usar, nada mais lógico do que integrar as equipes DevOps e de TI convencional para gerar saltos de inovações nos produtos e serviços já existentes, ou criar novas perspectivas de mercado.

A seguir veremos como implementar a TI bimodal com DevOps. Antes, é importante observar que, neste último ano, muito se fala em criar uma TI antifrágil. O conceito de TI antifrágil vai além da bimodalidade, e não é objetivo deste e-book. Porém, é necessário citar que a bimodalidade é uma estratégia no objetivo final de tornar sua TI o mais antifrágil possível. O mercado entende por TI antifrágil aquela que aproveita a volatilidade dos mercados, os ataques e as ameaças à sua operação, como oportunidades de novos negócios. É ter uma operação de tecnologia capaz de gerar valor a partir do caos característico do nosso tempo.

Como implementar TI bimodal com DevOps

Já vimos que integração é a palavra chave em DevOps. E inovação é um elemento chave para a TI bimodal. Implementar a TI bimodal com DevOps, a princípio, não é algo fácil. Por se tratar de uma equipe multidisciplinar, a TI experimental demanda uma série de requisitos que precisam ser observados pelos gestores. Alguns desses principais requisitos são:

Gestão do conhecimento

Um grande desafio da indústria contemporânea é gerir seu conhecimento, seja ele formal ou tácito. Plataformas wiki ajudam a estruturar o conhecimento adquirido, mas não bastam. É preciso conhecer os processos da empresa, ter uma visão sistêmica do que precisa ser integrado e como a tecnologia pode favorecer ou prejudicar o andamento do fluxo de trabalho. A tecnologia, por si só, potencializa os resultados. Se os processos geram resultados ruins, a tecnologia potencializa esses resultados ruins.

Entender a inovação como um processo

Guia Rápido DevOps

Saltos de inovação são processos contínuos, que geram resultados contínuos. É fundamental compreender que nada estará completo, o caminho para atingir os objetivos é mais importante do que atingir o objetivo em si. A equipe de TI que compreende os contextos em que a empresa está inserida, seja pela perspectiva do cliente ou dos próprios colegas, é capaz de atuar de forma eficiente como um suporte à operação da companhia, facilitando o trabalho de todos e sendo vista como um setor que ajuda, em vez de atrapalhar.

Tendo em mente esses princípios, é hora de fazer acontecer. É fundamental que seu roadmap contemple:

#1 Trabalhar próximo das partes interessadas

Como em todo projeto, fazer os stakeholders comprarem a ideia é um fator de sucesso ou fracasso da iniciativa. Trazer um diretor ou gestor relevante, inspirador, reconhecido pelos pares como um líder, favorecerá a união das equipes em prol do objetivo comum de entregar valor ao cliente. As equipes DevOps precisam ter livre acesso aos usuários dos sistemas não só para validar suas soluções, mas para gerar produtos que efetivamente contribuam na agilidade do trabalho e, em última instância, numa empresa mais eficiente.

#2 Iniciar com um piloto pequeno até gerar confiança

Nenhuma empresa vai investir totalmente sem ter confiança de que aquela solução é viável e tem a escala necessária para ser implantada em todos os setores. Gerar resultados rápidos, num grupo pequeno e mais fácil de ser controlada, vai permitir reforçar os bons comportamentos, potencializando os resultados e gerando mais confiança daqueles que compõem o nível estratégico. Ganhar a confiança daqueles que tomam as grandes decisões permitirá uma implantação mais tranquila, com menos resistência dos setores e demais partes interessadas.

#3 Automatizar tudo o que for possível

Tornar a infraestrutura mais leve e simples de ser mantida necessariamente passa por automatizar ações. Um case de sucesso nessa automação é a Amazon, gigante no mercado mundial de computação em nuvem. A Amazon libera um novo pedaço de código a cada 10 segundos, consegue atualizar até 10 mil servidores por vez e realiza um rollback com apenas 1 clique. Essa automação permite que as mentes humanas foquem naquilo que só um humano pode fazer, imprimindo agilidade no fluxo de trabalho da companhia.

#4 Investir e reforçar a nova cultura

Respeitar a bagagem, as vivências e opiniões dos outros são pontos fundamentais para gerar saltos de inovação. Já vimos neste e-book que implantar a TI Bimodal com DevOps requer uma nova cultura. Essa cultura deve ser pautada em:

# Respeito: ao conhecimento do outro, suas opiniões e responsabilidades. Não generalize ou crie estereótipos em relação aos colegas. Justifique porque determinado pedido foi negado, ou mesmo sugira um momento oportuno em que determinada sugestão será avaliada. Jamais esconda algo que sua equipe deve saber.

# Confiança: de que todos estão dando seu melhor para fazer dar certo. Compartilhar informações, planos de implantação e prover acessos com permissão adequada aos sistemas são boas iniciativas para trazer todos ao lugar comum que a bimodalidade demanda.

# Falhas como oportunidades de melhoria: é impossível prever todos os erros. Eles vão acontecer e a equipe precisa estar preparada para solucioná-los da melhor maneira possível, no menor tempo possível. Ninguém constrói um prédio pensando que ele vai pegar fogo, mas, mesmo assim, os hidrantes estão lá. Da mesma forma, é necessário ter protocolos e procedimentos operacionais em casos de falhas, para que a equipe saiba o que fazer e não se perca nas urgências.

# Evite apontar o culpado: se algo deu errado a culpa é de toda a equipe. Quem aponta um dedo para o outro tem, no mínimo, 3 dedos apontados para si. Quando os desenvolvedores entendem que alguém do suporte será acordado quando a aplicação cair, e o suporte entende que alguém do desenvolvimento pode evitar que ele seja acordado, fica mais fácil de trabalhar esse ponto. Deixe claro para sua equipe que não são 2 TIs bifurcadas trabalhando, mas uma única equipe integrada de DevOps atuando em sintonia para entregar o melhor para o cliente.

É muito importante, no primeiro momento, estabelecer junto aos gestores indicadores de desempenho para realização de benchmark. Projetos menores, com custos menores e resultados mais rápidos são uma ótima abertura para esse tipo de abordagem, permitindo analisar rapidamente os avanços alcançados. Mais importante do que garantir o financiamento é garantir que a equipe comprou a ideia. E essa equipe deve incluir desde o nível estratégico até o nível operacional, mostrando para todos como a TI Bimodal contribui para o sucesso do negócio até aquele ponto.

Não basta mostrar cases de sucesso no exterior, é preciso gerar números, dados, que comprovem o argumento de que investir em inovação é algo positivo. Nesse momento de crise, em que expansão de receita é algo complicado pela empobrecimento geral da população, foque na redução de custos com estrutura de pré e pós-vendas, relacionamento com o cliente e logística de distribuição dos produtos/serviços. Essas áreas têm alto impacto nos indicadores de gestão e demonstrar que a TI Bimodal ajuda a diminuir o custo operacional da empresa, via de regra, é a melhor maneira de aprovar recursos para o setor. Sempre deixando claro, para a gestão, que não se trata de uma substituição da atual forma de fazer TI, mas um complemento. O empresário brasileiro, em geral, tende a pensar bastante antes de abrir a carteira. Cabe a você convencê-lo de que TI é investimento para reduzir custo.

Principais vantagens dessa implantação

A TI Bimodal é uma tendência mundial. Dados divulgados pela Gartner em junho de 2015 apontam que, até 2018, 75% das empresas terão uma estrutura de TI Bimodal. Algumas analogias demonstram como é indispensável que as grandes empresas adotem o novo jeito de TI em suas equipes, sob risco de perderem faturamento e sustentabilidade na sua operação. Por exemplo: há algumas décadas, a indústria musical forçava o consumidor a comprar um CD com 20 músicas para ouvir aquelas que lhe interessavam. Com o iTunes, passou a ser possível comprar somente as faixas que o consumidor deseja, alinhando o mercado com aquilo que os clientes demandavam à época. Recentemente, serviços de streaming, num clássico exemplo de SaaS,  permitem que os consumidores escutem todas as músicas que desejam, sem precisar comprar cada uma delas, e pagando uma taxa única por mês. Essas quebras de paradigmas impactaram diretamente a indústria fonográfica, que teve de se adaptar.

No mercado contemporâneo, a capacidade dos líderes de prever o futuro vem diminuindo a cada ano. O ritmo acelerado de mudanças e inovações que surgem a cada ano tornam impossível saber, com clareza, qual o novo produto ou serviço que será lançado daqui a alguns anos. Somando a conectividade da internet das coisas com as redes sociais e a computação em nuvem, criou-se um ambiente digital propício aos mais diversos tipos de aplicações e serviços, alguns inimagináveis alguns anos atrás. Essa demanda digital vem mudando negócios que pareciam estáveis.

O Brasil, em especial, está vivenciando um cenário de rápida expansão dos serviços digitais. A constante queda no faturamento das operadoras de telecom com o serviço de voz e SMS gerou a necessidade de reinvenção dessas companhias. Foram agregados serviços que antes não faziam parte do escopo dessas empresas, como forma de se manterem vivas no mercado: hospedagem de servidores em seus datacenters, locação de equipamentos, aplicativos para aperfeiçoar a privacidade dos smartphones, entre outros.

Trabalhar a TI sob 2 aspectos distintos, ou TI Bimodal, é uma questão de sobrevivência, além de uma vantagem competitiva. É ter uma equipe de TI descentralizada e multidisciplinar, mantendo a segurança de uma unidade convencional, que dá suporte à operação diária da empresa, e, ao mesmo tempo, ter uma equipe dedicada a pensar em como solucionar aqueles desafios de uma outra maneira, menos burocrática e mais inovadora. As organizações do futuro são aquelas que sabem extrair o melhor de cada uma das abordagens, gerando produtos e serviços mais adequados ao que o mercado demanda.

Conclusão

Ao longo deste e-book, entendemos os conceitos de DevOps e TI Bimodal. Apontamos fatores de sucesso na implantação de um ambiente bimodal a partir da metodologia DevOps, suas vantagens e benefícios possíveis de serem alcançados. De tudo o que vimos, é importante que você repare no caráter complementar e de coexistência do ambiente inovador do DevOps com a equipe tradicional de TI.

É impossível, para as grandes empresas, migrar de um ambiente de TI clássica para um ambiente bimodal da noite para o dia. Como vimos, é necessário implantar e difundir uma cultura corporativa de integração, tendo nas metodologias ágeis sua principal ferramenta. Ao mesmo tempo, é crucial que o financiamento dessa segunda TI, inovadora e ágil, seja garantido pela gestão. Não há garantia no retorno sobre o investimento, característica de projetos inovadores, mas o risco compensa no longo prazo. A TI Bimodal é a bola da vez. E sua empresa não vai existir na próxima década sem ela.

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